quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

pirilampiando o vagalume
vem aqui e acolá
responsabilidade da vida é amar
nem é terrível nem é pesado
é só o modo de encarar.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

encantamento

e só de andar pela cidade, pelas calçadas quebradas, pelo sinal vermelho, nos ônibus, me sinto luzindo alguma coisa que pareça com o significado da palavra vida. É mais que nome. É mais que qualquer coisa que eu possa vir a fazer analogias. É simples. É essencialmente humano. É encantador chegar à conclusão que eu co-partilho com as outras pessoas historias, acontecimentos, memórias. É tão satisfatório saber que estou aqui pra trocar, dar, receber, experimentar com um monte de seres humanos tão humanos quanto eu. Pode parecer um discursos onírico, que seja. Talvez o que falte no mundo, de mais, grave, seja realmente o discurso onírico. Tudo é tão pratico, pragmático, resolução dos problemas breve, formigas atônitas num grande organismo, que marcham e fazer a estrutura girar sem ao menos se perguntar da legitimidade de tal. O que me deixa mais triste é isso, a falta da pergunta, da duvida, da surpresa, do questionamento, do encantamento. Pessoas que não se sentem donas do próprio caminho, que culpam a sociedade, os políticos, o salário. Sentem que isso tudo é externo a vida delas, que não se perguntam, de fato, o que podem fazer (o ser humano é ilimitado de possibilidades! Por que essa estrutura tão pesada, que engessa?). O exercício da autonomia, do tornar-se consciente de ser o que se realmente é, nos leva a ter a certeza de que nada é imutável, de que nada é estabelecido e assim ganhamos força para sermos plenos e não derrotados. Nos dá o eterno deslumbramento pelo espetáculo visceralmente milagroso, que é a vida. A árvore, os bichos, crianças que brincam no parque, o mendigo que dorme na parada de ônibus, meus amigos, minha família, tudo isso é de nossa co- responsabilidade. Tudo isso sou eu, tudo isso é você, porque sempre estamos nos participando, nos comunicando, trocando gestos, pequenas palavras e olhares. Porque só de dividirmos esse planeta, que de alguma coisa surgiu a vida humana, nós nos comprometemos com o outro.
E só por isso vale a pena respirar.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

cena pós

o ônibus, a avenida, o trânsito de carros
parede grafitada, muro vestido
menino desenhado, walk man descolado
a pós-modernidade encobrindo o profético
e ele me dizia:

- jesus cristo é a base, tá ligado?

sábado, 22 de setembro de 2007

o que cabe na vida - parte 1

Queria saber o que cabe na vida. Cabe tempo, a era, os contextos todos, o tempo dimensionado em minutos e em anos. O tempo que eu levo para ir ali à padaria e o tempo que meu pai ainda tinha cabelos pretos. Cabem os lugares que já fui, mas também aqueles que nunca fui e ainda quero ir, além daqueles que nem sei que existem. Cabe eu ser de recife, pernambuco, brasil, américa latina, lado ocidental , conceituado por aqueles que viveram antes de mim. Cabe o capitalismo, o meu celular que me incomoda um pouco por ser velho. As eleições, o social, a batalha, a justiça, indignações, ideologias. Invenções de outros humanos que estruturam o que cabe e o que não cabe. Cabem os cachorros da rua, os ônibus, as chuvas que insistem em cair quando ponho o pé pra fora de casa. Cabem os dias de sol e os banhos que anseio em tomar e os banhos que tenho preguiça de tomar. O cheiro de café de tardezinha, os comentários mais corriqueiros. Minha mãe chegando, eu saindo, meu pai almoçando, meu irmão dormindo. Cabe o abraço, o afeto. Cabe o compartilhamento do que cabe na vida. Cada palavra de amor, de náusea, de saudade, de insegurança, de entrega, de ódio, de co-paixão. Cabe as percas de chão, achados de céu, sensualidade, enigmas, mistérios, racionalidade e a mais escancarada loucura. Cabe o encanto de se saber humano enquanto caminha pela conde da boa vista, olhando pras gentes, que são tantas!

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

pergunta

o que cabe na vida?