quarta-feira, 7 de abril de 2010

encontro

''Zézim, remexa na memória, na infância, nos sonhos, nas tesões, nos fracassos, nas mágoas, nos delírios mais alucinados, nas esperanças mais descabidas, na fantasia mais desgalopada, nas vontades mais homicidas, no mais aparentemente inconfessável, nas culpas mais terríveis, nos lirismos mais idiotas, na confusão mais generalizada, no fundo do poço sem fundo do inconsciente: é lá que está o seu texto. Sobretudo, não se angustie procurando-o: ele vem até você, quando você e ele estiverem prontos. Cada um tem seus processos, você precisa entender os seus. De repente, isso que parece ser uma dificuldade enorme pode estar sendo simplesmente o processo de gestação do sub ou do inconsciente (...) Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta. E eu acho — e posso estar enganado — que é isso que você não tá conseguindo fazer. Como é que é? Vai ficar com essa náusea seca a vida toda? E não fique esperando que alguém faça isso por você. Ocê sabe, na hora do porre brabo, não há nenhum dedo alheio disposto a entrar na garganta da gente."

E nesse Mesmo texto Caio Fernanaod Abreu diz : "Deu uma luz na minha cabeça, sabe quando a coisa te ilumina? Assim como se ele formulasse o que eu, confusamente, estava apenas tateando"....foi isso.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

queira

não queira deus que eu seja cega.
que por mais que me doa, que seja dificil eu reconheça as infelicidades.
parece um labirinto, até sei por onde sair, mas por momentos, estou tão submersa naquelas trilhas intermináveis que me perco e acho que aquilo é a vida.
permita deus que eu tenha capacidade de enxergar o clarão, que a vista se alargue. queira deus que ele me perdoe pela cegueira.
Mas queira deus também que eu carregue sempre comigo o que demais sutil em mim existe.
tenho sido mimada, tenho andado recaindo na adolescencia, tenho sido vil e mesquinha
isso me lembra pessoa
mas eu acolho minhas trevas, que elas também são eu.
acolho e carrego com olhar altivo e humilde de quem sabe que está aqui pra aprender e mudar.
queira deus que o amor paire, que seja nuvem perene
queira deus que eu me perdoe.