domingo, 8 de março de 2015

Não precisamos de destaques

‘’Feminismo é a ideia radical que as mulheres são gente’’.  Sempre vem essa frase na minha cabeça toda vez que vejo uma propaganda, um outdoor todo lilás, o que seja, com imagens de mulheres que são ‘’destaques’’, ‘’exemplos’’,  ‘’mulheres que brilham’’. Ou até mesmo com explicações de todas as ordens que as mulheres são mais forte que os homens, ou mais guerreiras.

Partindo do principio que as mulheres são gente (olha o que eu tenho que escrever nesse texto), parece que procurar essas mulheres que brilham ou coloca-las na posição de fortes, parece uma justificativa pra dizer algo como – tá vendo como são capazes? ; - olha, elas conseguem! Mas o que causa mais incômodo, são as categorias decididas em que as mulheres viram destaques: quase sempre no ambiente corporativo.
Mulheres de sucesso, sendo a ideia do sucesso criado e pautado  por uma sociedade machista e branca. A partir do momento em que se decide como e de que forma as mulheres são de sucesso, a luta de outras mulheres pobres, negras, lésbicas, torna-se invisível.

Partindo, de novo,  que as mulheres são gente, seria natural (as vezes essa palavra me dá algum arrepio) que brilhem, que se destaquem onde quer que estejam, e de toda a forma. Mas, que também, se ferrem, fiquem tristes, queiram sumir de vez em quando.  A insistência da ideia de procurar exemplos no meio dessas mulheres parece mais uma tentativa de colocá-la na posição de infantilizada, sem autonomia, como um aluno (também uma categoria oprimida) que o professor coloca uma estrela na testa, e é eleito o primeiro da classe.

Não precisamos nos validar através desses exemplos, somos tudo que podemos e queremos ser. Nós existimos e isso, por si, já é tudo. 





domingo, 18 de agosto de 2013

Aqui de novo eu.
Nesse espaço de vai e vem, e chamado e re-chamado.
Cuidar das palavras, sentir o que sair delas e compartilhar é algo sagrado.
Escrever é como cuidar de mim, cercar minha alma de flores, dançar dentro de um vestido branco confortável.

Pois estou eu de volta.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Quem mais ajuda é que não atrapalha

Discursos que desqualificam iniciativas populares me dão um cansaço. ''Ah é classe média? Então tá protestando por quê?''; ''Ah tem iphone?''; 'Ah mora em prédio e protesta contra prédios''. Por favor, finalmente grupos se mobilizam pra discutir nossa cidade. Recife vive um momento de ''desenvolvimento'' estilo rolo compressor que nos oprime enquanto moradores que quer se reconhecer no ambiente onde mora. Eu, enquanto recifense, estava (estou) vivendo momentos de angústia porque Recife tava diferente, outro ritmo, eu comentava com amigos próximos que estava vivendo momentos de ''desindentificação'' com a cidade. E é justamente por causa de projetos que desumanizam ainda mais o lugar como esse Novo Recife, que eu me sentia com o pensamento de ''cadê minha cidade?''. Não é contra somente contra Moura Dubai que se protesta, mas contra todo um tipo de lógica que acha que ser desenvolvido é ter prédios gigantes, com uma arquitetura massificada (com azulejo de banheiro, segundo um dos textos que li). Acho que o movimento #OcupeEstelita vem pra dizer que a gente quer um lugar diferente pra viver e que isso seja discutido. Ter opinião contrária sobre o movimento é uma coisa, agora desqualificar quem organizou e quem foi pra rua no domingo já é desrespeito (já se confunde tanto o conceito da tal liberdade de expressão).

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

''Eu queria matar a presidenta: depoimentos da guerra civil brasileira em Pinheirinho''

Dia de Yemanjá, 15 anos sem Chico Science, Netuno (rei dos mares) voltando para Peixes. Mas o que me tocou mais profundamente até agora foi o vídeo ''Eu queria matar a presidenta: depoimentos da guerra civil brasileira em Pinheirinho''. Quero dividir sentimentos enorme que me tomaram. Indignação, impotência e tristeza. A sensação é que ninguém tá vendo o que tá acontecendo em Pinheirinho, a ONU muito timidamente. O que justifica tanta violência? - Dinheiro? Poder? ... http://www.youtube.com/watch?v=Tj_zHrx7jcU

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

por uma vida menos histérica

''A vida tem que ser mais realística, mais em prosa.'' Osho tem essa capacidade de colocar em palavras o que ainda está sendo construindo no mar dos sertões da minha cabeça. O que eu ainda tava elaborando era essa necessidade da gente de sempre querer viver uma vida cheia de arroubos, catarses, clímax, poesia, euforia. Acho que isso é um dos sintomas dessa histeria coletiva. A gente não quer trabalho, a gente quer O trabalho. A gente não quer amor, a gente quer paixão louca, que sempre fale palavras bonitas e com tesão selvagem 365 dias, 24 horas. A gente quer está sempre feliz, efusivo, sensual, com um desaforo na ponta da língua. Uma vida só de picos, de supermoçõestransbordantes... mas, na real, só vejo isso em novela, filme e facebook. Sim, a vida pode ser e é maravilhosa. Mas tenho aprendido que ela não é só euforia, plena satisfação toda hora, o tempo todo. A vida também é prosa, não só poesia. O sofrimento faz parte sim! Assim como a dúvida, a tristeza, a fraqueza. Viver o presente para mim é aceitar a vida como ela está agora, acolher, se escolher. Se não está gostando disso, daquilo, trabalho para se auto conhecer e transformar. Viver o presente passa longe de hedonismo, aliás, prazer não anda separado de compromisso. É, é retorno de Saturno que me pegou.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Mais um pequeno desabafo

Segunda-feira de chuva, sol em aquário, Mercúrio em aquário e lua nova em aquário. Protesto contra as passagens no Recife, Pinheirinho, Anonymous... O signo aquariano dando o tom da rebeldia, da justiça universal. A chuva, os protestos, as bombas, os asfaltos, sites derrubados, imprensa nada construtiva. Tudo isso entra na minha verve social por uma vida menos arisca, de uma cidade menos agressiva, de uma sociedade menos reacionária. Tudo isso me colocou não a boca no megafone, mas numa energia reflexiva. detudoissoqueestáacontecendo. A impressão que tenho é que em 2012 as coisas estão com um brilho de tudo ou nada, de tudo que é feio, ditador, pantanoso, está vindo à tona radicalmente. É como uma frase '' tudo que é contrário ao amor vem à tona para ser curado''. Que venham todos os desmandos, as ditaduras, os autoritarismos, eles tem que sair do porão e ganhar uma cara, uma definição, pra gente tatear o que tem ser curado. O tristíssimo é que para isso pessoas pagam até com a vida. O grandioso é saber que tem pessoas em cada canto desse mundo solidárias com nossa sede de uma vida mais amorosa. Por isso #Recifecontraumento #resistepinheirinho #stopSOPA.
*Fotos de Andrea Rego Barros em http://www.brasil247.com.br/pt/247/imagem/37504/

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

2012.