domingo, 27 de junho de 2010

Segredo dos Seus Olhos é uma pedrada para o telespectador

Um oficial de justiça aposentado resolve escrever um romance sobre um crime que aconteceu há 25 anos atrás. Pode parecer um roteiro não muito original, mas o filme O Segredo dos Seus Olhos é uma história tão consistente e perturbadora que o dispositivo clichê encontrado pelo roteirista não compromete o desenrolar da película. Dirigido pelo argentino Juan José Campanella, o longa-metragem, inspirado no romance La pregunta de sus ojos, de Eduardo Sacheri, foi o ganhador de melhor filme estrangeiro de 2010.
Depois de 25 anos, o oficial de justiça aposentado, Benjamim Espósito (Ricardo Darín) volta ao Tribunal Penal para uma visita a sua antiga paixão e também chefe, Irene (Soledad Villamil) . Nesse encontro, Espósito fala de sua vontade de escrever sobre o caso Morales, um crime que aconteceu em 1974, o qual o próprio Espósito - passando por cima da má vontade da Justiça Argentina - investigou e que até os tempos atuais ainda não se tinha o desfecho completo. A partir daí, a película se desenvolve em dois tempos: a partir das lembranças dos personagens, a história é recontada travando um diálogo entre passado e presente com sutilezas e profundidade incríveis. E são por essas duas palavras que O Segredo dos Seus Olhos crava seu roteiro. O filme não se resume em contar a história do crime chocante, ele passeia também pela história de vida de seus personagens, repleta de nuances e paixões, o que traz uma densidade dramática e envolvente.
Além de mexer visceralmente com os sentimentos do telespectador, o longa também mostra traços culturais do país argentino, sem desrespeitar a sutileza. O cotidiano de uma instituição da Justiça (que parece ter os mesmos ranços daqui), a paixão pelo futebol, o funcionário público ajudam a compor a consistência do roteiro.
Também não se pode deixar de mencionar as ótimas atuações de Ricardo Darín, Soledad Villamil, de Gillermo Francella (Sandoval) e dos coadjuvantes, além de contar com uma ótima fotografia.

domingo, 20 de junho de 2010

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Está inaugurada a era do não pensar. Posso viver um pouco sem em perguntar para onde vou, por que estou aqui, para onde estou seguindo? Posso por um momento deixar de ficar atenta a tudo que me cerca, aos quase problemas, a me perguntar se isso ou aquilo?
Quero incêndio sem extintor. Quero não análise. Quero a não ansiedade do que alguma coisa pode vir tornar a ser. Posso, por um momento, não ser a condutora da minha vida? É só por momento! Sem perguntas, por favor. Sem porquês. Sem ação. Sem respostas.
Deixo tudo assim até quando eu quiser.