sábado, 23 de outubro de 2010

começo do abrigamento

É uma dor de sábado à noite, o posto de gasolina lá fora me tira do sério: cheiro de combustível, carro com mala aberta gritando o jogo de futebol, o carro que não consegue dar partida. Tudo pode me fazer esbravejar. É uma dor impaciente, que pega o coração e dá um giro até ele ficar bem apertado. É uma dor de: puta que pariu! Quero pular essa parte! Já disse que ela é impaciente. É uma dor de berros, de cortadas ásperas, de peso. É vilã, amargurada, soberba, olhos fechados. É uma dor pisciana, de desvarios, de choro na goela (ou quando as lágrimas não são mais rápidas e teimam em escorrer olho abaixo). Escura, por não permitir ainda de saber qual o próximo passo.
Vem dor, começo a abrigar-te.