segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

fundo

Dentro de mim as trevas, os escuro, o lodo gangrenado em todas as paredes por onde me estendo. Peixes grandes, de olhos grandes, asquerosos, que deslizam sinuosos pelo mar profundo da minha cabeça. Polvos de inumeráveis tentáculos, bichos meio gente, meio coisa morta. Barcos de velas negras temorosas, com piratas centenários que carregam uma estrela do mar colado ao rosto.
Dentro de mim, bares sebosos, na entrada, uma prostituta gorda, com um sinal descomunal ao lado do nariz. Ela é sempre rindo, uma gargalhada medonha, no fundo não se sabe se ela rir de graça ou de horror. Bebados deploráveis mijando num banheiro repugnante. Infiltrações que respigam agua suja, fazendo um barulho (tic-tic-tic) absolutamente irritante.
Me esparramam assassinos frios, baixo clero de padres recalcados. Cidade suja, com cheiro de mijo, prédios cinzas depois de uma chuva ácida, ratos medievais roendo a unha de um morto.
Dentro de mim, um vômito de moscas e baratas.

2 comentários:

Milla disse...

Hoje você me pareceu Augusto dos Anjos...

asco!

No entanto, vejo dentro dos seus olhos o brilho de uma noite enluarada e a alegria de uma crinça melada de chocolate!

A Better MAN disse...

leminski até a alma
;)